quarta-feira, setembro 15, 2010

Farewell

A moça dizia adeus, ainda que estivesse com os lábios colados; era sua mão gesticulando com o lenço branco que o fazia. Uma lágrima congelada riscava sua face esquerda enquanto ela se afastava em sua parcela de gelo desgarrada do iceberg.
O vasto mar lilás em volta das duas partes se infiltrava e enchia cada vez mais o espaço entre elas, assim como entre a moça e a criança que ficara no iceberg continental.

O menino, conformado, procurava apoio nos pelos da doninha gigante que a partir de agora seria sua tutora.
Esta espirrou, e observou com enfado toda a cena: havia estado presente em inúmeros acontecimentos semelhantes nos últimos séculos.

A moça de cabelos prateados esvanecia por entre a névoa, foi o que o garoto imaginou ter visto. Mas não havia neblina ali. Ela acabara de se dissolver para sempre no ar.

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